A construção da Ponte de Sequeiros remonta a um período medieval bastante antigo. De acordo com fontes históricas, a ponte tem provável construção no século XIII, embora tenha sido posteriormente “solidificada no século XV”, ou seja, sofreu trabalhos de reforço ou reconstrução nessa época.
Contexto histórico da construção
A ponte foi erguida num período em que o rio Côa constituía a linha fronteiriça entre o Reino de Portugal e o Reino de Leão. Esta localização estratégica faz sentido com a sua função fortificada, a ponte seria um marco de fronteira entre Castela e Leão antes da incorporação das terras do Riba-Côa no território português pelo Tratado de Alcanizes em 1297.
A ponte é uma obra-prima da engenharia medieval em estilo românico, construída em alvenaria de granito. Possui três arcos plenos, sendo o central o de maior diâmetro. O seu tabuleiro pedonal tem 65 metros de comprimento e ultrapassa os 20 metros de altura. Além disso, apresenta numa das extremidades uma torre de planta quadrada com arco, que conferia à estrutura a função defensiva e fiscal. A qualidade construtiva da ponte reflete a importância que tinha como via de comunicação estratégica na época medieval. Serviu não apenas como travessia, mas também como posto alfandegário onde se cobrava um imposto de portagem aos viajantes.
Atualmente, a Ponte de Sequeiros está classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1951 e constitui um dos poucos exemplares de ponte-fortaleza que chegou aos dias de hoje em bom estado de conservação.
Facto Curioso sobre a Ponte de Sequeiros
A Ponte de Sequeiros oferece alguns factos verdadeiramente intrigantes sobre a sua história e função medieval. Uma das características mais curiosas é a torre quadrada numa das suas extremidades, que possuía dois arcos. Segundo o historiador José Mattoso, esta torre não era meramente decorativa, tinha duas funções fundamentais. Primariamente, servia para cobrar um imposto de portagem aos viajantes que a cruzavam, funcionando como posto alfandegário. Secundariamente, apresentava uma intenção claramente defensiva, transformando a ponte numa verdadeira fortaleza fortificada.
Existe um aspeto particularmente evocativo: a ponte recebeu o nome de um lugar chamado Sequeiros que a rodeava. No século XVI, este lugar tinha apenas meia dúzia de residentes e no século XVIII constava do Cadastro com apenas 3 habitantes. Atualmente desapareceu completamente. Não existe sequer um único vestígio das casas, tendo a pedra da sua construção sido aproveitada para novas habitações ou muros de demarcação de terrenos. Os residentes que lá viveram tinham precisamente como função guardar e manter esta importante ponte fronteiriça.
Até ao Tratado de Alcanizes em 1297, o rio Côa era a linha fronteiriça entre o Reino de Portugal e o Reino de Leão. Após este tratado, o território português expandiu-se vários quilómetros. O facto curioso é que os conflitos fronteiriços do passado deram lugar a um ambiente completamente harmonioso, onde a ponte se mantém como símbolo de paz entre dois povos que outrora se defrontavam como adversários. Um exemplo importante para os dias de hoje. Os territórios de Riba-Côa, pelas suas características, aproximam as suas gentes, onde o Côa funciona como elo de ligação.
A ponte é uma verdadeira máquina do tempo em alvenaria de granito, contando histórias silenciosas de cobrança, defesa, isolamento populacional e transformação política através dos séculos.

